A História deixa-nos saber que os aparadores apareceram, pela primeira vez, em Itália. Baptizaram-nos como “credenza” que podemos traduzir como “crença”. Então, mas porquê? Bom, no século XVI, os criados provavam as bebidas e os alimentos antes dos senhores para se assegurarem de que não estavam envenenadas. Daí o nome que, ainda hoje, perdura na língua inglesa.
Os aparadores são, particularmente, usados enquanto móvel de apoio na sala de estar. É lá que podemos pousar os melhores petiscos, a bandeja com as bebidas ou a máquina de café com um serviço de chávenas bonito. No entanto, o aparador pode transcender este propósito. Encontramo-lo, com frequência, no hall de entrada com candeeiros, um espelho a encabeçá-lo ou objectos decorativos esculturais a decorá-lo. Em boa verdade, nisto da decoração, não há uma regra. Há pessoas e pontos de vista e as possibilidades são infinitas. Ou andam perto disso.
No artigo de hoje, focamo-nos em aparadores modernos. Simples mas não simplistas. Todos têm um detalhe que os diferenciam.
Ora, vejam lá.
O elemento distinto deste aparador é, por certo, o seu suporte com pés cruzados. O móvel é simples e ocupa pouco espaço e, assim, não se impõe em relação ao resto decoração. Pelo contrário, funde-se subtilmente com ela, até por via da cor neutra em que está pintado. Na casa da imagem, em Sylt, na Alemanha, encontra-se na entrada. O saco em serapilheira, a bandeja em madeira tosca e os dois quadros com ilustrações marítimas indiciam-nos uma casa de praia. Assim é. Uma fotografia embrulhada em bom gosto na qual se pode inspirar para, também você, dar um toque especial à sua entrada ou sala de jantar. Dizemos-lhe mais. Esta peça também ficaria bem atrás de um sofá com um candeeiro em cada extremo. Considere a nossa sugestão, sem esquecer que o aparador e as costas do sofá devem ser da mesma altura.
Ao invés de um aparador, vemos dois aparadores com superfície espelhada suspensos na parede, lado a lado. Colocá-los desta forma é reinterpretá-los e elevá-los a outro nível. Literalmente e não só. Contrariam a ideia do aparador grande e de madeira escura que ladeia a mesa da sala de jantar e representam uma estética imbuída em ligeireza e sofisticação, não deixando, porém, de servir o propósito que lhe quisermos dar. Cremos que ficariam bem em espaços com pontos de vista decorativos distintos. Todavia, se tem uma casa pequena, eis o tipo de aparador em que pode apostar. O reflexo do espelho cria a ideia de maior amplitude do espaço, são leves, finos e requintados. E para aspirar? Que maravilha.
Uma ideia da marca espanhola Pianca Mobiliario.
Um aparador que nos lembra as composições em cores primárias delineadas a preto do pintor holandês Piet Mondrian. E é em jeito de “peça referência” que nos surge este aparador que, mais que uma mesa de apoio, mais que uma mesa de canto, é um elemento que encerra em si mesmo o estatuto de obra de arte que não passará despercebida. Concebemos, facilmente, a sua colocação num hall de entrada onde causaria grande impacto e deixaria adivinhar uma casa com personalidade vincada ou numa sala minimalista e monocromática a destacar-se no conjunto. Ainda que se desenhe em linhas modernas, identificamo-lo com um estilo retro, reminiscente dos anos 60.
Um móvel da My Italian Living.
Embora moderno – repare nos pés, na cor, nas linhas simples – tem um apontamento saudosista que se materializa por via das duas portas do meio, em palhinha. Este aparador pertence a um apartamento em Fortaleza, no Brasil e a verdade é que as portas assim o denunciam visto que lhe emprestam alguma tropicalidade que o tornam, por exemplo, ideal para uma casa de praia. Na imagem, aparece decorado com uma elegante bandeja que serve de suporte a bebidas e duas jarras de pé alto, uma delas com uma planta. O quadro, em sumptuosos tons dourados, compõe o conjunto.
O aparador da Muebles Madrid Decoración, embora estreito, é mais alto em relação aos que vimos até agora. Entre as portas e as gavetas, tem uma parte aberta que se pode usar para colocar peças decorativas, livros, álbuns, entre outras coisas. O verde água é uma cor leve que apela à tranquilidade e à frescura. As gavetas e os pés do móvel – algures entre aparador e armário - foram deixados na cor da madeira o que não só cria um contraste que lhe imprime carácter e singularidade, como também o liga ao resto da mobília da sala de jantar – neste caso à mesa.
Também em branco, ainda que num estilo diferente do anterior. O aparador da imagem estende-se ao longo desta divisão que abriga a sala de estar e a sala de jantar sem que haja qualquer parede ou outro elemento a separá-las. É, portanto, um espaço fluido que ganha com este móvel a todo o comprimento enquanto elemento de ligação entre ambas. De um lado, aparece por baixo da televisão, do outro surge como apoio à área de refeições pelo que tem bebidas e uma máquina de café. Pela sua extensa dimensão, faz sentido que apareça suspenso e não colocado no chão o que o tornaria mais pesado. As portas, com a madeira a formar riscas, criam textura e profundidade. Um projecto interessante, no Brasil, pela Yamagata Arquitetura.
É a modernidade elevada ao extremo este aparador da Pianca Mobiliaria. O design? Minimalista. A cor? Um moderno e
vibrante azul cobalto. O detalhe? As portas são de correr. A grande mais-valia?
Dá vida a qualquer que seja a divisão. Pode ser o intervalo de cor de que o seu
espaço precisa. Na imagem, ganha particular destaque se tivermos em conta o
pano de fundo cinzento e, já agora, o muito original candeeiro que junta cinco
globos do planeta Terra. Ficaria a matar
no quarto do seu filho!
Rido
No que toca ao design, os italianos sabem, definitivamente, o que fazem. A superfície rendilhada do aparador “Rido” da My Italian Living, é o epítome da elegância. Os vários quadrados de madeira colocados em diferentes ângulos fazem um jogo de sombras e texturas que propiciam complexidade estética ao móvel. A marca tem a peça disponível num vasto leque de cores – do turquesa, ao verde água ou ao vermelho -, tamanhos, tipos de madeira e com acabamentos distintos.
É “à vontade do freguês”, o Evaristo tem, com certeza, lá disto
.
Orchestra III. É esse o nome do aparador da imagem. Numa orquestra, há melodias baixas, outras mais altas. Assim é neste móvel. Metaforicamente, claro está. De um lado, a superfície é trabalhada e forma riscas na vertical. Numa subtil transição, somos levados até ao outro extremo em que as riscas desaparecem dando lugar a uma superfície lisa em que os veios da madeira se destacam. Este detalhe confere-lhe uma experiência táctil que o enriquece. O profundo tom carvão remete-nos para uma decoração de estilo moderno e industrial.
Lembra-nos os cacifos de um liceu este aparador, de linhas um tanto ou quanto retro, inserido numa sala projectada pela Pablo & Paul. Dispõe de quatro portas com puxadores e os lados aparecem pintados numa cor diferente, fazendo sobressair a parte em madeira. É caricato o contraste entre a estrutura cúbica e sólida e os pés finos que se assemelham aos das cadeiras, criando harmonia e um jogo de formas interessante que apela à contemporaneidade. Não nos restam dúvidas. Esta seria a sala de uma família moderna e de gostos minimalistas. Mas com um “twist”!